Produzir melhor e mais barato


por Carlos Matos Gomes

Se entendermos “economia sustentável” como a capacidade de uma sociedade gerar os bens e serviços suficientes para lhe proporcionarem um determinado nível de bem-estar, Portugal enfrenta um enorme desafio para conseguir com os seus recursos que os seus cidadãos tenham um rendimento per capita na média da UE.

Não estou certo de dispormos desses recursos, mas admitindo que sim, em que áreas deve Portugal investir para os potenciar? O que podemos/devemos fazer para os explorarmos? Se não existirem de todo que podemos fazer para minimizar essa debilidade insuperável?

A alternativa para uma “economia sustentável” só pode assentar na criação e desenvolvimento de um setor produtivo capaz de equilibrar os pratos da balança entre o que Portugal produz e o que gasta e que tem sido coberto por empréstimos.

As políticas públicas devem ser orientadas para a criação de riqueza (uma mudança de paradigma numa nação historicamente de rendas e comendas) através de bens e serviços transacionáveis e não para a criação de “emprego”, despesa improdutiva e logo insustentável.

Temos dois caminhos para uma economia sustentável e ambos implicam o equilíbrio entre receita e despesa: o do isolamento – um pouco o que Cuba fez, e o da criação de produtos competitivos no mercado global, que inclui um mercado interno já com elevados padrões de consumo.

A alternativa para uma economia sustentável que dignifique o trabalho é produzir melhor e mais barato, o que implica mão de obra qualificada (investimento na educação e formação); redução das despesas de funcionamento dos serviços e das empresas, o que obrigará a escolhas para decidir entre o essencial e o desejável; justiça eficaz em todos os campos; diminuição significativa do leque salarial – o que tornará mais digno e justo o trabalho de todos e porá à prova as corporações…